Quão verde será o próximo ciclo?
As eleições europeias, realizadas este mês, para o parlamento do velho continente, podem vir a ser um grande desafio para a agenda ambiental ao nível global, com principal realce para os países do terceiro mundo, pelo menos no que ao fluxo de financiamento diz respeito.
Do que se viu nas campanhas, em termos da agenda verde houve um misto de compromissos concretos, por parte de alguns partidos, e mais gerais, em grande maioria, mostrando um certo e, talvez aparente, desentusiasmo com a narrativa ambiental.
De acordo com alguns analistas, o pacto ecológico europeu e a própria legislação ambiental que na passada legisla[1]tura de Bruxelas deu sinais positivos de progressos, estão agora a receber cada vez maior negativismo, em parte, devido ao grande lobby da indústria petrolífera que continua a obrigar a que o Acordo de Paris ande em lume brando.
Centrado na nossa realidade, com o actual ciclo de governação a fechar, olhamos agora para o dia 9 de Outubro, como o ponto de partida para o que será a nossa agenda climática.
Os desafios do país estão identificados. As soluções, essas precisam de compromissos e estratégias mobilizadores que, quanto a nós, devem aumentar o estímulo e valorização de soluções locais, para problemas locais.
Do que até agora temos vindo a assistir, sem qualquer hesitação podemos dizer que, apesar da vulnerabilidade em que o país se encontra, a agenda ambiental tem vindo a ser conduzida em função do ritmo dos parceiros de cooperação, até mesmo para o que podemos fazer com base em soluções locais.
Os problemas ambientais não são uma questão para ser entregue a um ministério com poder periférico, apenas para acompanhar a narrativa global e dela procurar janelas de oportunidades de financiamento.
Os problemas ambientais devem estar hoje, no topo da agenda de desenvolvimento, porquanto, afectam todos os sectores de actividade.
Os fenómenos extremos que temos vindo a sofrer nos últimos anos mostram-nos que não haverá qualquer desenvolvimento sustentável, se não tivermos capacidade de trazer, a nível transversal, soluções de antecipação, que, como temos vindo a reiterar, passam pela colocação da ciência, tecnologia, engenharia e a economia, ao serviço da política, das comunidades e do país.
Com o ciclo eleitoral em curso e os partidos a afinarem as suas estratégias para caso de serem a escolha para a governação, esperamos que o ambiente não fique à mercê, apenas, do que vier de fora, porque, como a história tem nos vindo a mostrar, o fluxo dos compromissos financeiros dos parceiros de cooperação, também varia em função de quem lhes governa.