Desde que Moçambique se tornou independente que se elegeu a agricultura como a base do desenvolvimento, de tal forma que este pensamento se transformou num comando constitucional.
Dos méritos deste alinhamento, a história não se cansa de provar. Mesmo quando os investimentos e receitas milionárias nos recursos minerais enchem os cofres e atrofiam as mentes, com a falsa sensação de que se pode substituir a produção da comida pela sua importação.
Depois dos ensaios promissores que a agricultura experimentou na primeira década pós-independência, a agricultura “como base para o desenvolvimento” é apenas uma retórica e não passa disso.
Apesar do potencial da terra e todas as vantagens comparativas com os todos os países da região, fica a sensação de que há forças, sobretudo internas, que não querem o sector contribua para uma soberania alimentar do país.
Mais do que isso, o sector se mostra, tristemente, como uma fonte para programas que não mais são do que propagandas e vendedores de utopias, brincando com o lado mais sensível das necessidades do povo, a comida.
Mais grave de tudo é que, apesar dos investimentos milionários que têm sido mobilizados e alocados, o sector tem servido como vaca leiteira para minorias qualificadas.
Desde os PROAGRI (I e II), a REVOLUÇÃO VERDE e agora o SUSTENTA, a relação entre o volume de investimentos alocados e os resultados para médio e longo prazos, mostra que continuamos de tudo o mesmo.
Se alguns casos a história e o tempo enterraram, há mês e meio que temos vindo a acompanhar informações dando conta que afinal, o SUSTENTA também não foge à regra: está a alimentar os apetites de singulares, a moda de “Yanwani a khumba yi yetlele” (Mamem que a porca está a dormir), como cantava o saudoso músico moçambicano.
Não queremos simplesmente concluir como sendo, necessariamente, verídico o que do SUSTENTA se diz, mas, perante tamanha seriedade do assunto, preocupa-nos o silencio de quem do governo para, pelo menos trazer a versão oficial ou numa simples frase dizer algo como “é tudo mentira”. Porquê é que se calam? Merecemos uma esclarecimento.