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Mas o que diremos em Baku?

Dentro de nove meses o mundo volta a se reunir, desta vez em Baku (Azerbaijão), para mais uma conferência das nações sobre o cli[1]ma, a COP 29.

Com base nos alertas dos cientistas, o relógio não pára e o tempo de acção, que há muito urge, para desacelerar o aquecimento global e aliviar o mundo dos severos impactos das mudanças climáticas, vai se tornando cada vez mais apertado, tendo em conta o trabalho que há por fazer.

Se na COP 28, o activismo para a narrativa ambiental tinha na ciência o seu aliado para tentar comover o sindicato da grande indústria a aceitar o fim das energias fósseis. Esta foi sinalizando com um acordo que, para bom e lúcido entendedor, ficou entre o sim e o não.

Festejou-se o ni do longo prazo, sem medidas concretas, ao estilo do quem viver verá, até mesmo porque, a ciência pode mudar de opinião.

Do que se acredita ter sido grande marco, com impacto imediato para os países mais vulneráveis às mudanças climáticas, que inclui o nosso país, da cartola de Dubai saiu o Fundo Global para Perdas e Danos.

Entre o valor já angariado (pouco mais de 400 milhões de dólares) e as necessidades que os países mais afectados têm (dezenas de biliões), pressupondo que, apenas uma só a roleta vai determinar quem se vai beneficiar.

Mas o que diremos em Baku?

Os problemas ambientais estão identificados. As causas e as soluções também estão, mas continuam a esbarrar no mesmo problema: o financiamento.

No caso da compensação das perdas e danos, a esperança de mais contribuições ainda neste ano, parece cada vez mais escassa.

Os ciclos político-eleitorais nos países do Ocidente e as dinâmicas das guerras russo-ucraniano e israelo-palestiniano, vão ditando novas demandas e posicionamentos que podem deixar a agenda climática para trás, pelo menos no que ao financiamento diz respeito, fazendo com que chegados a Baku, pouco ou nada de concreto haja para mostrar de diferente.

Neste ciclo vicioso dos desafios e necessidades na narrativa ambiental, aos países do chamado Sul global nada mais resta, se não readaptar os seus compromissos, num alinhamento ao jeito de problemas locais, soluções locais.