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Elefantes em risco de extinção em África

Na África Central e Ocidental os elefantes estão a desaparecer, estando em risco de extinção, segundo dados provenientes do secretariado da Convention on International Trade in Engangered Species (CITES), em vigor desde 1997. Na África Oriental e Meridional também o problema apresenta características muito sérias, e não pode ser ignorado.

O grande desafio é representado pela caça furtiva. Com efeito, se a caça legal está a registar, desde 2011, uma queda constante, o que mais preocupa é esta actividade levada a cabo com meios ilegais. Esta provoca um desequilíbrio constante na população dos elefantes, cujos mecanismos de reprodução não conseguem compensar as perdas causadas pela caça furtiva. O motivo é conhecido: fazer lucros mediante a venda de marfim.

É difícil estabelecer o preço do marfim, pois existem dois mercados paralelos, dos quais um legal, quase totalmente fechado, e outro ilegal, em que a venda de um quilo de marfim pode chegar a 2000 dólares, como aconteceu na China poucos anos atrás. Hoje, o preço médio ronda em torno dos 400 dólares ao quilo. O maior mercado de consumo de marfim tem sido, tradicionalmente, a Ásia, embora a China tenha proibido qualquer comércio deste material desde o dia 31 de dezembro de 2017. O marfim era geralmente exportado como matéria bruta da África para a Ásia, e ali era processado, segundo as várias necessidades de cada país. Entretanto, há pouco tempo foram descobertos sítios, em África, em que a matéria-prima era semi-processada, e em seguida enviada para a Ásia. Tal mudança deve-se à supramencionada proibição do governo chinês em comerciar o marfim naquele país, de forma que os traficantes chineses interessados ao marfim orientaram alguns grupos africanos a iniciar o processamento ainda no local de extração, para favorecer a importação para os mercados asiáticos.

Desde 2015, a rota privilegiada para o comércio de marfim vai da Nigéria para dois países asiáticos como Camboja e Vietnam. Outros dois países que historicamente representaram grandes fornecedores de marfim são Zimbábue e Botsuana (onde, desde 2023, foram caçados 105 elefantes), mas Moçambique também desempenha um papel importante neste nefasto mercado. Comente ano passado, em março, um contingente de 651 peças de marfim proveniente de Moçambique foi capturado num navio em direção a Dubai. Não é a primeira vez que isso acontece: desde 2022, a apreensão de marfim ocorrida em 2024 foi a terceira ocorrência, uma vez que em 2023 as autoridades tanzanianas apreenderam grandes quantidades de marfim provenientes do aeroporto de Pemba, justamente um ano depois de as autoridades da Malásia terem feito o mesmo, sequestrando 6 toneladas de marfim, provenientes do porto de Maputo.

Apesar dos esforços das autoridades de vários países, incluindo Moçambique, pelo menos duas espécies de elefante africano (o elefante da savana e o elefante da floresta) estão muito próximas à extinção. Não será suficiente o declínio do preço do marfim para garantir que o elefante africano consiga sobreviver ao risco da sua extinção. Um trabalho coordenado entre as autoridades dos vários países, juntamente com organizações multilaterais como SADC e CEDEAO será fundamental para estancar este comércio que está a prejudicar, juntamente com o elefante, grande parte do ecossistema natural africano