Search
Close this search box.

Agricultura no Limbo

Volvidas cerca de cinco décadas em que se apregoa a “agricultura como base de desenvolvimento”, o que, a olhos nus não te passado de uma narrativa de faz de contas ou, como se diz na vox populi, conversa “para fazer o boi dormir”, neste prenúncio de viragem de mais um ciclo governativo, estivemos atentos para ouvir com que linhas se pensa tirar este vital sector do limbo em que, de facto, está acantonado.

Durante a longa quaresma de promessas em que os candidatos estiveram a vender os seus manifestos eleitoralistas, a visão sobre o sector agrário foi de todo a mesma.

De todas as vozes ouviu-se uma mão cheia de nada, pelo menos no que diz respeito à ideias concretas que pudessem dar mostras de que algo de novo está por vir.

As visões sobre o sector foram, praticamente, comuns entre as candidaturas. De forma tímida foram sendo lançadas abordagens cheias de visões, mas, nada se ouviu em termos de ideias objectivas e sustentáveis que mostrem um compromisso de resgatar a narrativa trazida desde a 1ª Constituição da República, de fazer da Agricultura a base do desenvolvimento”.

Contrariamente e, quiçá, estimulados pelo apetite do lucro fácil que os recursos minerais representam, particularmente o petróleo e gás, a eloquência dos manifestos pareceu-nos mais audível a este respeito, como se um novo advento apontasse para os hidrocarbonetos como a nova base para o desenvolvimento, o que, talvez, não possa estar errado, num contexto em que se promova continuamente um consumo doméstico dependente de importações e em que o sector produtivo esteja relegado a plano insignificante.

Até ao momento, a responsabilidade pelo estágio da agricultura nacional é de quem vem governando o país, contudo, a avaliar pelo que fomos ouvindo ao longo da campanha eleitoral, tristemente podemos, sem grande margem de erro, concluir que, situação melhor não poderia ter acontecido, mesmo se outro partido tivesse estado no poder ao longo do percurso.

Os manifestos eleitorais são apenas uma parte de um todo. Reflectem uma visão daquilo que os planos de governação irão esmiuçar e, por isso, eventualmente, pode até haver surpresas ao nível prático. Contudo, escusado seria dizer que a agricultura nacional precisa de uma visão e planos ousados e extremistas, no sentido positivo, salvo, é claro, se quiser-se perpetuar mentalidades consumistas e em nada produtoras das suas necessidades básicas.

Mais certo, para nós, é que até aqui, ninguém parece ter apresentado ideias para tirar o sector do limbo.