Economia
O distrito de Chókwè, província de Gaza, sonha em voltar a posicionar-se como um dos celeiros nacionais da cultura do arroz. Aos solavancos, os produtores vão fazendo a sua parte na cadeia produtiva, mas esbarram no mesmo problema de sempre: falta de insumos, sementes certificadas e financiamento para a cultura.
Longe do histórico de produção registado ao longo da década de 1980, o distrito entrou para a presente campanha de produção, lançada no início de Novembro, com projecções para a maior colheita do quinquénio.
De acordo com dados oficiais disponibilizados pelas autoridades daquele distrito, a previsão aponta para uma safra com um crescimento de 24%, comparativamente à campanha passada.
“O plano para esta campanha é de uma produção de 17 mil toneladas, contra uma colheita realizada de 11,633 toneladas na época de 2023” disse uma fonte da repartição do sector agrário no distrito de Chókwè.
Segundo o plano de cultivo, a época 2023-2024, a área de plantação reduziu de 4500 para quatro mil hectares, contudo, a produtividade por hectare poderá atingir um máximo de cinco toneladas, como resultado da intervenção da empresa paquistanesa que explora o Complexo Agro-industrial de Chókwè.
“A empresa JAMPUR vai financiar a produção de arroz para dois mil hectares, prevendo atingir um rendimento de cinco toneladas por hectare. Os restantes dois mil hectares, que não serão financiados, prevemos um rendimento de 3.5 toneladas por hectare” explicou a nossa fonte, justificando a redução da área cultivada como uma estratégia adoptada para “facilitar a gestão e aumentar o nível de rendimento por hectare”.
Produtores à deriva
O distrito de Chókwè conta com um total de 6298 produtores familiares, que garantem grande parte do volume do arroz que sai daquela região.
José Bongane, um dos produtores com mais expressão no distrito disse, em contacto com a Revista Terra, que os camponeses têm feito a sua parte para ajustar o potencial local para a cultura do arroz, volumes de produção consentâneos, contudo, as dificuldades de acesso aos insumos continua a ser o principal problema.
“Temos grandes dificuldades no acesso a sementes certificadas e insumos, nomeadamente, herbicidas pré-sementeira e pós-sementeira. Estes produtos existem no mercado, mas a maioria dos produtores não têm poder de aquisição” explicou Bongane.
Outro aspecto que os produtores salientam é a falta de financiamento para impulsionar a cultura deste cereal. Na campanha transacta, por exemplo, o distrito não teve qualquer financiamento para a produção do arroz.
“O financiamento é outro problema. Veja que até para prepararmos a terra, acabamos nos limitando àquilo que podemos, porque os custos de aluguer de uma máquina é alto” disse um dos produtores.
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