Mercado
-O recente relatório da FAO sobre os preços dos produtos alimentares no mercado internacional confirma o impacto negativo da suspensão do acordo de cereais no Mar Negro e reforça alertas sobre a insegurança alimentar no mundo.
Os preços globais das commodities alimentares subiram em Julho, influenciados pela suspensão do acordo de exportação de cereais no Mar Negro e pelas novas restrições comerciais ao arroz, informou nesta terça-feira a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
De acordo com a fonte, o Índice de Preços de Alimentos da FAO, que acompanha as mudanças mensais nos preços internacionais de commodities alimentares vendidas no mercado internacional, registou uma média de 123,9 pontos em Julho, representando um aumento de 1,3% em relação ao mês anterior.
O preço internacional do óleo vegetal foi o que mais determinou a subida do índice, ao atingir 12,1% desde Junho, depois de sete meses de quedas consecutivas.
A fonte salienta ainda que “os preços internacionais do óleo de girassol recuperaram mais de 15% no mês passado, devido, principalmente, às incertezas renovadas em torno dos suprimentos exportáveis após a decisão da Rússia de suspender a implementação do acordo de exportação de Grãos do Mar Negro”.
Comportamento dos cereais
O trigo registou uma subida de 1,6%, representando o primeiro aumento mensal em nove meses, “devido à incerteza sobre as exportações da Ucrânia, bem como às contínuas condições de seca na América do Norte”.
Por sua vez, o Índice de Preços de Arroz aumentou 2,8% na variação mensal, mas foi no comparação homóloga que registou a maior subida, tendo fechado em 19,7%, o nível nominal mais alto desde Setembro de 2011.
“Essa pressão de alta nos preços do arroz aumenta preocupações substanciais de segurança alimentar para uma grande parte da população mundial, especialmente para os mais pobres e que dedicam uma parcela maior de sua renda à compra de alimentos”, alertou a FAO.
“As restrições à exportação podem suportar consequências adversas na produção, consumo e preços que perduram além da duração de sua implementação e correm o risco de exacerbar a alta inflação doméstica de alimentos em muitos países” acrescentou.
Comportamento diferente teve o Índice de Preços de Cereais que caiu 0,5% comparativamente a Junho, influenciado pela queda de 4,8% nas cotações internacionais de grãos grossos, por conta do aumento da oferta sazonal de milho pela Argentina e Brasil.
Igualmente, o Índice de Preços do Açúcar caiu 3,9%, influenciado pelo “bom progresso na colheita de cana-de-açúcar do Brasil e as melhores chuvas na maioria das áreas de cultivo na Índia”, para além da “demanda moderada da Indonésia e da China, os maiores importadores de açúcar do mundo.
Quanto aos produtos Lácteos, o Índice de Preços da FAO mostra uma queda de 0,4%, representando uma redução anual de menos 20,6% comparado com o período homólogo de 2022.
Para as carnes, o Índice de Preços mostra uma queda de 0,3% em relação a Junho.
“As cotações de carne bovina, ovina e de aves diminuíram devido à sólida disponibilidade de oferta e, em alguns casos, à menor demanda dos principais importadores. Os preços da carne suína, por outro lado, subiram, refletindo a alta demanda sazonal juntamente com a escassez de oferta da Europa Ocidental e dos Estados Unidos da América” indica a avaliação da FAO.
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