Sociedade

Vários segmentos da sociedade, nomeadamente representantes do Governo, da sociedade civil, da academia e mulheres rurais — participaram nesta terça-feira, 3 de Junho, em Maputo, num Diálogo de Género e Mudanças Climáticas organizado pelo Comité Ecuménico para o Desenvolvimento Social (CEDES), no âmbito das suas actividades em prol da acção climática.
Durante o encontro foram partilhadas visões e perspectivas sobre a acção climática a nível nacional.
Representantes de mulheres rurais provenientes de distritos como Manhiça e Moamba, na província de Maputo, relataram as experiências e impactos que as alterações climáticas têm causado nas suas vidas.
“As nossas machambas não produziram nada este ano, por causa da seca. Até a mandioca e a batata-doce secaram. Muitas de nós estamos a virar catadoras de objectos para reciclagem, em vez de fazermos agricultura”, disse uma das participantes.
Além dos impactos, uma das principais preocupações levantadas pelas representantes foi a exclusão das mulheres rurais nos processos de consulta sobre acção climática.
“As consultas não abrangem a mulher rural. Nós não damos opinião porque não somos ouvidas”, lamentou outra camponesa.
O presidente do CEDES, reverendo Rodrigues Dambo, destacou que a série de eventos tem como objectivo “ouvir o que as mulheres dizem” e que as contribuições recolhidas irão reforçar a sensibilidade das igrejas nas abordagens sobre género e clima.
“Sabemos que, neste momento, o Governo está a elaborar um Plano de Acção Climática, e as contribuições destes encontros serão submetidas a esse fórum para consideração. Ao mesmo tempo, vão influenciar o discurso das igrejas sobre as mudanças climáticas”, explicou.
Lacunas reconhecidas
A chefe do Departamento de Sistematização de Informação Climática na Direcção Nacional do Ambiente e Mudanças Climáticas, dra. Rosália Pedro, reconheceu que, embora haja avanços, persistem lacunas na inclusão efectiva das mulheres nas políticas climáticas.
“Reconheço que a mulher tem sido deixada à margem em alguns aspectos. No entanto, enquanto sector, temos procurado integrá-la nos processos de elaboração de políticas, como é o caso da actual revisão da Lei de Terras.
Estamos também a actualizar a nossa Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC 3.0) e temos feito esforços para garantir que a mulher participe nas consultas e traga o seu saber para identificar acções que possam ser integradas”, afirmou Rosália Pedro.
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