Internacional

As alterações climáticas colocam em risco 83% dos empregos em África, com maior impacto nos sectores da agricultura, construção e serviços.
A advertência foi feita por especialistas durante um evento paralelo de alto nível da 11ª Sessão do Fórum Regional Africano sobre Desenvolvimento Sustentável (ARFSD), promovido pela Comissão Económica das Nações Unidas para África (CEA).
Segundo Environews Nigéria, Nadia Ouedraogo, responsável pelos assuntos económicos da CEA, revelou que, até 2024, 83% dos empregos em África estão no sector informal, o que os torna particularmente vulneráveis às alterações climáticas.
“Mulheres e jovens estão entre os mais afetados pela degradação ambiental e pelos padrões climáticos imprevisíveis”, explicou.
Zuzana Schwidrowski, directora da Divisão de Política Macroeconómica, alertou que os impactos climáticos não só afetam a subsistência, mas também minam a estabilidade financeira e fiscal dos países africanos. No entanto, sublinhou que a crise também representa uma oportunidade.
“A inovação e o investimento verde podem transformar esta realidade”, afirmou, conforme relata o Environews Nigéria.
Claver Gatete, Secretário-Geral Adjunto da ONU e Secretário Executivo da CEA, reforçou, através de uma nota publicada no site da organização e citada pelo Environews Nigéria, que os governos africanos devem agir com urgência para proteger empregos e garantir meios de vida sustentáveis.
Andrew Allieu, economista sénior do Escritório Regional da OIT para África, alertou que a crise climática poderá deslocar milhões de pessoas e aumentar as desigualdades sociais.
“Cerca de 1,2 mil milhões de trabalhadores que dependem de recursos naturais estão em risco. O stress térmico já causa uma perda de 2,3% das horas de trabalho, podendo eliminar até 14 milhões de empregos até 2030”, declarou.
Etienne Espagne, economista climático sénior do Banco Mundial, defendeu uma ação coordenada entre países africanos para gerar empregos resilientes às mudanças climáticas. “Investir agora em energia renovável e inovação é fundamental para garantir empregos verdes e sustentáveis”, frisou.
Os especialistas também alertaram, para os possíveis impactos macroeconómicos. Um aumento de 1°C na temperatura poderá reduzir o PIB africano em 2,2% até 2030, atingindo com maior gravidade a África Ocidental.
Além disso, advertiram que a transição energética mal gerida poderá agravar desigualdades, especialmente nas regiões ocidental e central do continente.
Ainda assim, há esperança: o mercado de carbono pode gerar até 400 milhões de empregos até 2050, segundo os dados partilhados pelos especialistas no evento. Estes números incluem ainda os empregos provenientes da energia renovável e da agricultura sustentável.
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