Search
Close this search box.

Economia

Investimento no agro-turismo divide governo e operadores sectoriais

-O governo quer avançar com a iniciativa, atraindo investimentos através da promoção de “culturas de bandeira e gastronomia tipicamente moçambicana”, entretanto, agricultores e agentes turísticos mostram-se cépticos e falam de um “casamento forçado”.

A iniciativa faz parte do pacote do Programa Estratégico de Desenvolvimento do Sector Agrário (PEDSA II), e o objectivo é combinar experiências agrícolas com actividades turísticas.

O Director Nacional de Promoção da Agricultura Comercial, Jaime Chissico, diz que o governo já fez o levantamento dos produtos agro-pecuários que podem servir de atractivos turísticos, destacando o café de Gorongosa, o cabrito de Tete, as plantações de algodão, entre outros.

“O agro-turismo permite que os turistas visitem as zonas de produção e participem de actividades agrícolas. Isso pode incluir colheita de culturas sazonais, plantio, alimentação de animais, ordem de férias, entre outros. Os turistas têm a oportunidade de aprender sobre as práticas agrícolas locais, o uso de tecnologias agrícolas e a interacção com os agricultores” explicou Chissico.

Falando semana finda num dos painéis inseridos na XVIII Conferência Anual do Sector Privado (CASP), o dirigente apontou vantagens deste “casamento” para a renda dos agricultores, em particular.

“O agro-turismo pode trazer benefícios biológicos para as comunidades rurais em Moçambique. Ao atrair turistas para as áreas agrícolas, cria-se uma fonte adicional de renda para os agricultores e suas famílias. Além disso, o agro-turismo pode acompanhar o desenvolvimento de pequenos negócios locais, como hospedagem, restaurantes e venda de produtos agrícolas” salientou.

Para além dos produtos agrícolas, outro factor apontado como sendo potenciável na ligação agricultura-turismo é a gastronomia.

“Através do agro-turismo podemos oferecer aos turistas a oportunidade de experimentar a culinária tradicional baseada em produtos agrícolas locais. Eles podem saborear pratos feitos com ingredientes frescos e locais, como frutas, legumes, cereais e proteínas de origem animal. Isso também promove a valorização da cultura gastronômica e dos produtos regionais” disse Jaime Chissico.

Dentro do pacote deste “casamento” o governo aponta para a criação de ponte entre as estâncias turísticas por forma a fomentar a produção nacional, um mecanismo que também servirá de ensaio para a certificação e internacionalização dos produtos nacionais.

“Casamento forçado”

Entretanto Rogério Gomes, Presidente da Associação dos Empresários Turísticos de Gaza, diz que o projecto até é bonito, mas não terá pernas para andar uma vez que a agricultura é familiar e muito vulnerável a choques climáticos, o que pode tornar a iniciativa inconsistente.

Gomes entende que deve-se dar um passo de cada vez, começando primeiro criar uma agricultura comercial muito sólida.

Por sua vez, Cláudia Manjate da Olam Moçambique, uma das empresas que opera na cadeia de valor agrícola, diz que o agro-turismo pode ser uma ligação forçada para o nosso país, uma vez que o projecto não apresenta medidas concretas que possam beneficiar os agricultores tendo em conta que o que se come nos hotéis não é nacional.

Compartilhar