Mercado
Fraca cadeia de valor desanima produtores de ananás na Zambézia
Produtores de ananás na província da Zambézia estão preocupados com o nível de desperdício que registam nas colheitas devido a fraca absorção da fruta pelo mercado.
De acordo com alguns produtores ouvidos pela Revista Terra, quantidades consideráveis da fruta colhida acabam no lixo devido a deterioração.
”Temos produzido muito ananás, mas não conseguimos vender todo e grande quantidade se estrada e deitamos no lixo” disse Costa Maurício, produtor de ananás no distrito de Nicoadala.
Os distritos de Quelimane, Nicoadala, Maganja da Costa e Alto Molócué são os maiores produtores de ananás na Zambézia, chegando a colher uma quantidade media de 50 mil toneladas por época.
A falta de una indústria de processamento faz com que a produção dependa da absorção do pequeno consumidor, o que se traduz em baixos rendimentos para os produtores.
”Vendemos três ananases a 50 meticais ou 5 a 100 meticais no distrito de Alto Molócué. Estamos a sofrer, não temos clientes. As pessoas conseguem produzir, mas não têm rendimento porque o ananás apodrece e é deitado fora” salientou Daniel Moisés, outro produtor.
O nível de desperdício pós-colheita não é conhecido, mas os produtores dizem que é alto, sobretudo, devido a rápida deterioração que o ananás tem apos a maturação, aliado a incapacidade de conservação.
O Conselho Autárquico de Quelimane diz-se solidário com o problema enfrentado pelos produtores tendo por isso, iniciado esta ano com a feira do ananás, como forma de abrir uma janela de oportunidade para alargar o mercado.
”A edilidade em Quelimane está a criar esta iniciativa como um espaço de oportunidade de vender a fruta para evitar que o produto se estrague nas machambas e termine na lixeira” disse Pedro da Costa Azarate, Director de Feiras e Mercados no Município de Quelimane.
Um dos problemas apontados pelos produtores como factor que também contribui para o fraco rendimento e elevado desperdício é o custo de transporte para tirar a fruta das machambas para o mercado. Segundo apuramos, os transportadores cobram valores que podem atingir oito mil meticais por uma média de cinco toneladas para uma distância de 50 quilómetros, o que a avaliar pelo preço de venda, ”não compensa”.
Azarete diz que a solução passa pelo envolvimento do sector empresarial na cadeia de valor, pois só assim se pode rentabilizar o esforço dos camponeses e impulsionar a produção desta que é uma das culturas importantes ao nível da província.
A primeira feira de ananás em Quelimane teve lugar nos dias 12, 13 e 14 de Janeiro corrente e juntou mais de duas dezenas de produtores e vendedores de ananás distritos de Quelimane, Nicoadala, Maganja da Costa e Alto Molócué.
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