Search
Close this search box.

Pecuária

Falta de regulamentação no preço amarga lucros de pecuaristas de Magude

Pecuaristas denunciam perdas e preços desvantajosos na venda da carne no mercado nacional, tornando a actividade pouco rentável comparativamente à vizinha África do Sul.

O distrito de Magude, localizado na região Norte da província de Maputo, tem se destacado na criação de gado bovino. Entretanto, os criadores reclamam de desafios relacionados com a “falta de regulamentação específica” para a definição de preços no sector.

De acordo com o presidente da Federação Distrital de Criadores de Gado de Magude, Alexandre Navingo, a ausência de políticas claras tem impactado diretamente os preços da carne, obrigando os pecuaristas a vender muito abaixo que os concorrentes sul-africanos.

“Nós saímos lesados, a política comercial não nos favorece. Um quilo de tibone, por exemplo, vendemos por 150 a 180 meticais, enquanto que na África do Sul”, disse Navingo, em entrevista à Revista Terra, lamentando a preferência de muitos nacionais, pela carne estrangeira, apesar do preço.

“Muitos moçambicanos preferem viajar para lá para comprar carne mais cara, enquanto aqui exigem preços baixos, mesmo com a mesma qualidade”, lamentou, pedindo uma intervenção do Estado para a criação de um regulamento que proteja o sector e estabeleça preços justos para a carne.

Sem esse suporte, afirmam que a actividade pecuária se tornará insustentável, colocando em risco uma importante fonte de sustento para a região.

Refira-se que além da desvalorização da carne no mercado interno, os criadores reclamam do que classificam como altos custos para manter o gado saudável. O tratamento adequado inclui vacinas, vitaminas e medicamentos para combater parasitas e doenças, tornando a actividade onerosa.

Falta de incentivos

Outro factor que, segundo o líder dos pecuaristas de Magude, agrava a situação é a imposição de preços pelo Governo, especialmente durante a quadra festiva.

Navingo afirma que os criadores são obrigados a vender carne a valores insustentáveis, sem qualquer incentivo estatal.

“O pior é que não há distinção entre os criadores que cuidam do gado e os que apenas criam os animais para trabalho agrícola, abatendo-os depois de anos de uso. Um regulamento ajudaria a classificar a carne e garantir um preço justo”, explica.

A dificuldade de acesso ao crédito é outro obstáculo reclamado pelos pecuaristas. Segundo o presidente da federação, os criadores precisam de financiamento para expandir e exportar carne, mas as taxas de juros dos bancos comerciais são proibitivas.

“O Governo deveria incentivar cooperativas de crédito, pois os bancos comerciais cobram juros altos, inviabilizando o crescimento do setor. O processo de criação de gado é longo e não permite pagamentos mensais elevados”, justifica Navingo.

Roubo de gado sob controle

Apesar dos desafios econômicos, os criadores de Magude conseguiram reduzir significativamente os casos de roubo de gado. No passado, cada pecuarista perdia cerca de 30 cabeças por ano, número que caiu para três actualmente.

Essa reducção, segundo a federação, se deve à introdução de guias de transporte de gado e à comunicação entre associações, medidas que aumentaram o controle sobre a movimentação dos animais.

Compartilhar