Estudo destaca importância da agricultura orgânica para a sustentabilidade ambiental

Apesar dos resultados não serem necessariamente novos, o estudo realça o facto de, em muitos países, a agricultura orgânica representar apenas 1% das prática agrária e os contínuos gastos em anuais “para sustentar práticas convencionais que colocam as pessoas e o meio ambiente em perigo”.

Um recente relatório conjunto produzido pelo Conselho Nacional de Defesa de Recursos –NRDC- (organização com sede em Nova Yorke), a Swette Center for Sustainable Food Systems da Arizona State University (ASU) e Californians for Pesticide Reform (CPR), detalham e destacam a importância da agricultura orgânica para o desenvolvimento da humanidade, nas várias vertentes.

Intitulado “Grow Organic: The Climate, Health, and Economic Case for Expanding Organic Agriculture”, e com foco em casos de países como o Brasil, o relatório exalta a agricultura orgânica devido ao seu foco na diversidade ecológica, fertilidade do solo e sistemas naturais em vez de intervenções químicas.

Os autores escrevem que essa abordagem “tem um potencial significativo e amplamente inexplorado para lidar com várias crises que nossa sociedade enfrenta, incluindo mudanças climáticas, saúde e economias rurais em dificuldades”.

A pesquisa sobre os benefícios humanos e ambientais da agricultura orgânica, complementada por estudos de caso de mais de uma dúzia de fazendas, ajuda a destacar o potencial dessas práticas agrícolas.

O relatório mostra que a agricultura orgânica pode ajudar a sequestrar carbono, melhorar a saúde do solo e reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Essas técnicas também podem ajudar a limitar a disseminação da resistência a antibióticos – um problema crescente que ameaça a saúde humana – e reduzir a exposição a produtos químicos agrícolas nocivos.

“Expandir a agricultura orgânica é um investimento em nosso futuro, que pode produzir retornos significativos. O sistema convencional de hoje contém imensos custos ocultos subsidiados por nossos impostos que não podemos mais pagar. Quando contabilizamos os custos reais de nossos sistemas agrícolas atuais – incluindo saúde, impactos ambientais, sociais e econômicos – o valor da agricultura orgânica é inegável ”, diz a Dra. Kathleen Merrigan, diretora executiva do Swette Center na Arizona State University e ex- Vice-Secretário dos EUA e Diretor de Operações do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).

Apesar das conclusões do relatório não serem propriamente novos, o estudo salienta o facto de que apenas 1% das terras agrícolas são manejadas organicamente.

Segundo referem pesquisadores da Organic Farming Research Foundation (OFRF), um dos aspectos que pode estar a condicionar a simpatia àesta prática, é o tempo de transição que representa.

“Os produtores muitas vezes lutam com desafios, incluindo uma redução nos rendimentos durante o período de três anos, tempo necessário para a transição para o manejo orgânico de ervas daninhas e pragas e custos de certificação orgânica” salientam.

Para mudar esta realidade, os autores de “Grow Organic” sugerem uma lista de 10 recomendações para ajudar os formuladores de políticas a avançarem na aposta pela agricultura orgânica.

“Investimentos orgânicos mais significativos, um forte compromisso administrativo com o orgânico e a defesa contínua das partes interessadas, são necessários para garantir que todos que desejam cultivar, criar, administrar a terra e comer organicamente possam fazê-lo”, refere o relatório.

As sugestões incluem o fornecimento de cada vez maior apoio aos agricultores durante o período de transição, o aumento dos recursos para apoiar a pesquisa e assistência técnica para a agricultura orgânica e reduzir as barreiras à certificação orgânica para os agricultores.

“Os contribuintes estão gastando biliões todos os anos para sustentar práticas agrícolas convencionais que colocam as pessoas e o meio ambiente em perigo. Investir na transição para orgânicos significa agricultura resiliente ao clima, opções de alimentos mais saudáveis ​​e economias locais mais robustas”, salient, em nota de conclusão.