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Sociedade

De Mucojo a Quioto: arroz nacional dá sabor ao novo saquê no Japão

O posto administrativo de Mucojo, no distrito de Macomia, uma das zonas mais martirizadas pelo terrorismo que, desde 2017 assola a província de Cabo Delgado, conta histórias de uma ligação entre Moçambique e o Japão, que tem na cultura de arroz e produção do saquê, a sua maior expressão.

Numa iniciativa que une a tradição, cultura e, acima de tudo, cooperação, a empresa Shotoku Shuzo, uma cervejeira tradicional sediada na região de Fushimi, na cidade de Quioto, no Sul do Japão, decidiu experimentar uma combinação, inédita, entre arroz de Moçambique e do Japão, para produzir saquê, a mais conhecida bebida alcoólica de bandeira nipônica.

Através da combinação do arroz “mucojo”, uma variedade classificada como nativa, cultivada no distrito de Macomia, em Cabo Delgado, e o koshihikari, um arroz conhecido pela técnica de cultivo, que é baseado no uso do cavalo e sem fertilizantes, o resultado foi a produção do saquê Yasuke, uma designação em homenagem ao samurai moçambicano que chegou ao Japão no Século XVI.

Com uma produção que iniciou em 2021, limitada a 500 garrafas que representam a primeira combinação “entre a cultura tradicional japonesa e com sabores de Moçambique”, o novo saquê é apenas servido em eventos especiais, sobretudo, ligados aos meios que celebram a cooperação entre Japão e África.

Pontes na reconstrução 

Aiko Odaki é um dos rostos por trás da história do casamento de que resultou o novo saquê. Em entrevista à Revista Terra, explicou que a produção do Yasuke faz parte de uma estratégia de cooperação e solidariedade com as vítimas do terrorismo.

“Tudo começou com um desejo de recuperação do Norte de Moçambique”, explicou.

Devastada pelas acções dos terroristas que, durante largo período chegaram a ocupar a vila de Macomia, o projecto de produção do saquê começou, segundo Odaki, “como um escoamento para os produtos agrícolas para ajudar os que permaneceram na área a reconstruir as suas vidas”.

Consolidada a marca Yasuke, a visão dos promotores da iniciativa é, segundo Odaki, , que num futuro próximo, a linha aumente o volume de produção, para além das 500 garrafas que corporizam a primeira fase.

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