Política

“Não queremos nunca mais voltar a comprar insumos” porque “não temos machamba. Quem compra insumos é quem tem machamba para produza” – Roberto Albino, ministro da Agricultura, Ambiente e Pescas.
O Governo vai romper com o modelo de intervenção que marcou os últimos anos no sector agrário, pondo fim à lógica de fornecimento estatal de insumos e apostando numa nova abordagem baseada na procura e liderada pelo sector privado.
O anúncio foi feito esta segunda-feira (26) pelo ministro da Agricultura, Ambiente e Pescas (MAAP), Roberto Miro Albino, durante uma entrevista à Televisão de Moçambique (TVM), onde, de entre vários aspectos, resumiu os resultados de um diagnóstico realizado nos primeiros 100 dias do seu mandato.
Segundo o ministro, a principal conclusão indica que há “dispersão de recursos e desalinhamento estratégico” no sector agrícola.
“Temos mais de 150 projectos com financiamento externo, com valores que vão desde 100 mil até 250 milhões de dólares, que embora façam coisas interessantes, estão extremamente desalinhados”, afirmou.
“O dinheiro não é o principal problema. Temos recursos, só que não estão alinhados com as prioridades nacionais”, acrescentou.
Perante este cenário, o Governo iniciou um processo de realinhamento dos projectos financiados por doadores, com vista a garantir que estes respondam à nova agenda de desenvolvimento agrário.
Do fornecimento à facilitação
Roberto Albino foi claro: o Estado deixará de ser o principal fornecedor de bens agrícolas, como insumos e tractores, passando a facilitar o acesso dos produtores aos recursos disponíveis no mercado.
“Queremos mudar a forma como os recursos são usados. Em vez de o Estado continuar com o modelo supply driven – comprar coisas e distribuir – agora queremos projectos de desenvolvimento baseados na procura”, explicou.
Na nova lógica, o sector privado passa a assumir protagonismo.
“É o sector privado que tem de nos dizer o que quer fazer, e nós apoiamos essas iniciativas, com base na procura”, frisou o ministro.
Uma das mudanças mais emblemáticas é o fim da aquisição estatal de insumos.
“Não queremos nunca mais comprar insumos, porque o Estado não tem machamba. Quem tem machamba é que compra insumos para produzir. O papel do Governo é criar condições para que o produtor tenha acesso ao financiamento e aos mercados”, sublinhou.
O mesmo princípio aplica-se à mecanização agrícola.
“Não somos nós que temos de comprar tractores e colocá-los à disposição dos produtores. Temos de garantir que existam recursos financeiros e condições de mercado para que os próprios produtores possam aceder aos equipamentos e fazer a sua mecanização”. (Veja ainda Sustenta: um legado rasgado)
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