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Teste de fidelidade

Depois dos compromissos com a acção climática feitos este ano pelo Governo, que mostraram avanços no alinhamento com a agenda global, 2024 será o início do verdadeiro teste de fidelidade com esta aliança.

Ao nível interno foram dados passos importantes, pelo menos do ponto de vista da consolidação da narrativa ambiental, nomeadamente, a aprovação da Estratégia Nacional de Transição Energética, que foi um dos activos através do qual o país sinalizou na COP 28, o compromisso com a agenda climática global e as potencialidades, oportunidades e necessidades para atrair os apoios necessários para fazer avançar a agenda.

Paralelamente, o processo da revisão da Lei de Terras e do Plano Nacional de Ordenamento Territorial, que têm indexada a resposta aos desafios ambientais são, também, aspectos que mostram a importância que neste ano foi dada às questões climáticas.

2023, um ano em que o país voltou a ser assolado por ciclones, mostrando, mais uma vez o nível de vulnerabilidade a que está exposto a factores climáticos extremos, fecha com outras ameaças à vista, o que sinaliza que 2024, poderá ser de múltiplos alertas: Partes da zonas Sul e Centro estão sob ameaça de seca severa, resultante do fenómeno El-Niño e, por outro lado, algumas regiões do país poderão enfrentar possíveis cheias.
A juntar a estas possibilidades está a probabilidade de ocorrência de ciclones.

Estes factores serão determinantes para que o Governo mostre com que linhas se cosem as suas juras com a acção ambiental.

Para já, os sinais, infelizmente, mostram que não há motivos para estarmos optimistas.
Com a época chuvosa em curso, muitas comunidades continuam a viver em zonas de risco a cheias ou inundações. No sector produtivo, a situação continua a mostrar o mesmo nível de exposição aos riscos.

Ao nível de infraestruturas, públicas e privadas, prevalecem (re)construções sem capacidade de resiliência, mesmo nas regiões que, à partida, se sabe que são “o caminho do vento” e, ao nível das autarquias, os planos de contingência ficaram em modo de voo, por conta do processo eleitoral.

Se, por ventura, a natureza decide começar já a mostrar o seu lado extremo, poderemos, mais uma vez, ser apanhados com as “calças nas mãos”.

As previsões para os próximos meses são conhecidas e os anos anteriores já nos deram lição.
Com a intensidade política que vai marcar 2024, esperamos que as instituições públicas não se deixem embalar pela guerra eleitoral e mantenham fidelidade aos compromissos ambientais assumidos neste ano.

Que a acção climática não fique para trás, muito menos seja vítima do processo eleitoral.